sábado, 21 de agosto de 2021

Dia da Cidade

 

Journal of a visit to Madeira and Portugal

O diário escrito por Isabella de França é o relato da sua viagem à Madeira e a Portugal, nos anos de 1853 e 1854. Trata-se de um manuscrito encadernado, constituído por 342 páginas de papel de linho azul, com letra regular, sem rasuras ou acrescentos de qualquer espécie. Não tem título, nem sequer se encontra dividido em capítulos, apresentando apenas as páginas numeradas no canto superior direito. O texto é complementado com um conjunto de 24 aguarelas pintadas sobre papel, por sua vez colado em cartão e, à exceção de uma, todas se encontram identificadas com título e a indicação da página do texto a que respeitam. O conjunto foi adquirido pelo Dr. Frederico de Freitas em Londres, entre os anos de 1937 e 1938. Desde início houve intenção de publicar este inédito, tendo o projeto sofrido sucessivos adiamentos até 1967. Neste ano, o Eng.º João Miguel dos Santos Simões foi incumbido, pela Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, de retomar os trabalhos iniciados por Cabral do Nascimento – responsável pela tradução do texto em 1940 – e orientar a futura publicação. Essa tarefa culminou em 1970, com a edição, portuguesa e inglesa, do Jornal de uma Visita à Madeira e a Portugal (1853-1854), com introdução conjunta de Cabral do Nascimento e Santos Simões, e notas deste último a complementar os textos originais. As anotações, resultantes de uma minuciosa e sistemática investigação, dão-nos informações sobre a identidade da autora, o seu percurso de vida, relações familiares, esclarecem e confirmam diversos detalhes da sua viagem à Madeira e a Portugal. Em 1978 o Dr. Frederico de Freitas lega as suas coleções à Região Autónoma da Madeira, o que naturalmente engloba o precioso conjunto.

Isabella Hurst de França (1795-1880) casara, a 3 de Agosto de 1852, com José Henrique de França, nascido em Londres, mas de ascendência madeirense e proprietário de terras nos
concelhos da Calheta e Funchal. Fora uma união tardia, ela com 57 anos e ele com menos sete, sendo a ida à Madeira uma espécie de viagem de núpcias empreendida, quase um ano depois, para conhecer as origens do noivo. Embarcaram em Londres, a 23 de Julho de 1853, iniciando a viagem de cerca de 23 dias até ao Funchal, onde permaneceram quase 11 meses.
O diário contém a descrição de toda essa estadia, dos passeios pelas redondezas da cidade e outros pontos da costa sul da Ilha. O relato muito vivo e alegre, repleto de curiosidades, pormenores sobre a história, as lendas, os usos e costumes locais, não isento de algumas opiniões questionáveis, constitui um manancial único de informação sobre a vivência da época.

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