Quinta do Jardim da Serra
Jardin da Serra
Litografia, Villeneuve (litógrafo), Rev. James Bulwer (desenhador), 1827
Jardin da Serra
Litografia, Villeneuve (litógrafo), Rev. James Bulwer (desenhador), 1827
Sabia que o “Menino Perdido” era uma antiga tradição que tinha lugar depois do Dia de Reis?
Esta tradição, de origem conventual, era seguida nos Conventos de Santa Clara, das Mercês e no Recolhimento do Bom Jesus, no Funchal. Está ligada ao episódio da infância de Jesus, nomeadamente ao seu desaparecimento e posterior encontro, por seus pais, no templo de Jerusalém, entre os doutores. No primeiro domingo a seguir ao Dia de Reis, a imagem do Menino era escondida, numa das celas das recolhidas no caso do Recolhimento do Bom Jesus, e, nos Conventos das Mercês e de Santa Clara, na casa de uma família distinta da cidade. A depositária do segredo da localização da imagem era a Madre Superiora. A descoberta do Menino tinha lugar 7 dias depois, no chamado “Domingo da Achada”. Quem acertasse no paradeiro do Menino tinha direito a um prémio, doces e iguarias diversas, oferecido pela casa que o acolhia. Originariamente o objetivo era a recolha de esmolas para o mosteiro.
Era uma honra ser escolhido para abrigar tão almejada imagem. A tal ponto que, corria o ano de 1810, coubera essa distinção ao condestável da Fortaleza de São Tiago, o qual, entusiasmado, mandara disparar a salva de tiros máxima em homenagem ao Menino que acolhia. Perante tal alarido levanta-se a cidade em pânico e alvoroço, acabando o fervoroso devoto por responder em conselho militar e, não obstante a absolvição face a tão entusiástica manifestação de fé, não se livrou de pagar os custos da pólvora despendida.
A última festa do Menino perdido, realizou-se no Convento de Santa Clara, em 1890, ano da morte da derradeira Madre Superiora Maria Amália do Patrocínio.
Texto: Ana Margarida Araújo Camacho