Praticamente no centro do Funchal, entre os históricos templos de S. Pedro e Convento de Santa Clara, a meia subida da Calçada de Santa Clara, destaca-se pelas suas proporções, imponência e invulgar tom avermelhado, a Casa-Museu Frederico de Freitas. Também conhecida por Casa da Calçada, esta designação identifica a antiga residência dos Condes da Calçada, cuja origem remonta ainda ao século XVII.
O edifício de certo aparato arquitectónico, referido como palácio na imprensa do século XIX, foi ao longo dos tempos sucessivamente ampliado e remodelado, apresentando-se definitivamente marcado por intervenções da segunda metade de oitocentos. Estas últimas reformas são desde logo denunciadas pelo arranjo algo exótico da fachada, coroada por cimalha vazada e que inclui três cúpulas, um par de torreões ligeiramente avançados e uma entrada resguardada por alpendre sublinhado por lambrequins de elaborada decoração recortada. Estes elementos, aliados às cores fortemente contrastantes (vermelho, verde e branco), conferem ao conjunto edificado um cunho cenográfico, bem ao gosto romântico e demarcam-no, distinguindo-o da tradicional arquitectura funchalense.
Se por um lado esta original intervenção atesta um período de prosperidade da Casa e dos seus ocupantes, não deixa de revelar uma faceta algo arrojada do seu proprietário, Diogo de Ornelas de França Carvalhal Frazão e Figueiroa agraciado com o título de 1º Visconde da Calçada pelo rei D. Luís, em 1871. A 4 de Outubro de 1882 recebeu a nomeação de governador civil substituto do Funchal e cerca de uma década mais tarde foi elevado à grandeza de Conde. Por testamento datado de 1903, Diogo de Ornelas Frazão deixou parte dos seus bens que naturalmente incluíam a Casa da Calçada ao seu filho Eduardo de Ornelas Frazão, 2º Conde da Calçada e cujos descendentes se mantêm na posse do imóvel até 1979, altura em que foi adquirido pelo Governo Regional
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