terça-feira, 13 de maio de 2025

Celebramos ainda, O DIA NACIONAL DO AZULEJO


AZULEJOS DE FACHADA

Fábrica de Lusitânia, Lisboa, ca. 1929-36
Rua do Bispo 36-A, Funchal
A publicidade não é coisa nova e é para se ver! Daí as letras garrafais desta fachada que gritam marca e artigos para venda. São azulejos publicitários da Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia, com sede em Lisboa e cuja representação no Funchal estava instalada precisamente neste edifício à Rua do Bispo. A inscrição, em letras de diferentes escalas e espessuras, pintada a azul sobre azulejos brancos, destaca o nome da empresa e anuncia os principais produtos da marca: louças domésticas, artigos sanitários, cerâmica de construção, como azulejos, telhas, tijolos, ladrilhos, mosaicos e afins. De fácil leitura e forte impacto visual este tipo de revestimento era uma solução que associava funcionalidade, durabilidade e visibilidade, requisitos apetecíveis em suportes de propaganda.
Ao longo do século XX tornou-se prática comum o uso de painéis cerâmicos como meio de comunicação visual em fachadas de armazéns, fábricas e estabelecimentos. Funcionavam como autênticos cartazes de cerâmica: duradouros, resistentes e adaptados às exigências da rua. Para além da promoção de produtos, estas composições refletem o grafismo da época, a estética da publicidade e as dinâmicas comerciais das diversas cidades portuguesas.
Aplicado em data posterior a 1929, provavelmente nos primeiros anos da década de 30, este painel testemunha um período de expansão da Fábrica Lusitânia a nível nacional, uma fase em que a empresa adquiriu diversas unidades fabris e instalou centros de distribuição, depósitos e armazéns em várias cidades do país.
Bem sabia Artur Ribeiro o que queria dizer quando escreveu a letra do fado “De quem eu gosto nem às paredes confesso”, porque as paredes falam e esta revela de forma gritante quem um dia dela tão bem se aproveitou. A escassez deste tipo de manifestos, que constituem prova de antigas utilizações de um imóvel, faz-nos pensar na pertinência da sua preservação e beneficiação de modo a continuarem a evocar diferentes etapas da nossa evolução comercial e urbana.

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