terça-feira, 13 de maio de 2025

Ainda sobre - O DIA NACIONAL DO AZULEJO

AZULEJOS DE FACHADA
Gresval, Aveiro, ca. 1970-85
Rua do Carmo, n.º 80-A, Funchal
Atenção! Ao passar no troço final da Rua do Carmo, antes da ribeira de João Gomes, não se perca no labirinto de quadraturas infindáveis que reveste o rés do chão desta fachada de portas de vidro. Mas por alguns segundos deixe-se levar pelo efeito hipnotizante do padrão de quadrados concêntricos e observe a vivacidade inesperada das cores destes azulejos industriais.
Estes azulejos de grés, de padrão repetitivo e forte impacto visual, foram produzidos pela Gresval – Fábrica de Produtos de Grés S.A., fundada em 1970, em Águeda, Aveiro. O padrão unitário é formado por seis quadrados concêntricos de cores diferentes e alternadas, que vão do manganês, azul-cobalto, verde, turquesa, até ao cinza. Da repetição deste módulo resulta um efeito em quadrícula, valorizado pelo recurso a uma paleta de azuis e verdes mais vivos intercalada com os tons mais neutros e escuros. O brilho vítreo e translúcido acentua o contraste entre as cores escuras e claras, produzindo reflexos subtis da luz que iluminam e transformam a fachada.
Este tipo de revestimento insere-se numa fase de renovação estética da arquitetura portuguesa, marcada por uma maior abertura à modernidade e à integração de novos materiais industriais de construção em contextos urbanos. O azulejo passa a assumir um novo estatuto, afirmando-se como uma expressão privilegiada da cidade contemporânea, com possibilidades quase ilimitadas de experimentação e combinação de cores, texturas e técnicas. Este legado que já era limitado, é cada vez mais escasso nas ruas do Funchal.

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